Nós tinhamos o quê, dois ou três meses de diferença. De resto, nada nos separava. Gostávamos do mesmo tipo de música, morávamos um ao lado do outro, tínhamos mães igualmente apreensivas, andávamos sempre com um livro na mão e na outra um baseado. Saíamos de casa depois de chover pra sentir o cheiro de terra molhada e conversar por horas sobre as particularidades da vida.
Quando estávamos juntos, nada mais tinha sentido. Era o meu corpo sobre, ao lado, embaixo, não importava, com o dele. E a beleza, entre nós, era o último critério - apesar de ficarmos avaliando a alheia que se manifestava na rua.
Tudo que encaixava, tudo que tinha sentido, não era amizade, não era amor, não era família, aquilo que tínhamos, se resumiu a nada.
As férias de inverno se passaram e era como se um mês tivesse sido retirado da mente dele. Apesar de todos os meus esforços, esse mês fazia questão de martelar na minha, 24 horas por dia.
E lá estava eu. De novo, monitorando discretamente os movimentos dele. Tentando decifrá-lo. Apesar de lembrar com uma frequência excessiva do que nós dois dizíamos: nem todas as ações têm um sentido, nem tudo quer dizer alguma coisa.
Bom. Eu sabia que o fato de ele dar exclusividade de seus abraços e sorrisos para outra garota significava, com certeza, alguma coisa.
Apesar do meu ciúme doentio, eu certificava-me de que ninguém, ninguém mesmo, além de mim, tivesse conhecimento de julho de 2008. Simplesmente o mês mais memorável da minha vida.
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