cont. conto

Saí batendo portas (minha mãe não estava em casa).

Desci correndo, abri o portão do condomínio e sentei na calçada. Acendi um cigarro e o observei se desmanchar. E lá, de repente, estava ele. Do meu lado. Pegou o cigarro da minha mão, deu uma tragada, jogou no chão e pisou. Eu evitei contato visual. Soltou, com aquela voz rouca: - Achei que nós dois iríamos parar.

O que não passou na minha cabeça naquele momento? Cenas que eu tinha passado noites em claro tentando esquecer, lembranças enfiadas no fundo do armário. Frases que eu treinara na frente do espelho questionando-o, insultando-o e agredindo-o.

Eu estava prestes a vomitar. Ou a ter um ataque. A escolha era realmente difícil. Antes de resolver qualquer coisa, respirei fundo. O pior que eu poderia ter feito.
O cheiro da fumaça tinha ido embora e só o que tinha restado era o cheiro de terra molhada.
Um fio de voz saiu da minha garganta.

- Qual é a sua, Guilherme?

- Não faz drama, Tatá.

- Então você simplesmente voltou.

- É. Tipo isso.


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