Quando eu voltei pra São Paulo depois de ir pro Uruguay no final do ano passado, um desânimo filha da puta bateu em mim. Cidade cinza, poluída, rios mortos, praticamente sem fauna e flora, gente morando na rua, educação, transporte, cuidados médicos, tudo pelos olhos da cara. Claro que a cidade tem seus pontos bons, mas não se comparam à quantidade dos ruins.
Com essa quantidade de contras, tive uma súbita vontade de ir embora dessa cidade o mais rápido possível. Daí eu pensei no quão hipócrita eu sou, de reclamar e não fazer porra nenhuma. Aproveitar porque eu faço parte da porra da minoria da elite - se não isso, pelo menos classe média alta - brasileira e fazer questão de fugir sempre pra alguma bolha. Mas cara, da realidade não dá pra fugir. Só se você for completamente louco. O que, até onde eu sei, eu não sou não.
Então eu tinha prometido a mim mesma: vou à luta. Não sei o que eu vou fazer, por onde começar, mas eu preciso fazer alguma coisa. Critiquem-me por ser uma burguesinha escrota que acha que tá fazendo alguma merda no mundo, mas eu vou ao menos tentar.
E sabe o pior de tudo? Nem tentar, esse ano, eu tentei. As manifestações contra o aumento da tarifa do ônibus, por exemplo, tão aí, já foram 6, e eu sempre com alguma desculpinha pra não ir. Fico indignada, xingo, mas não faço porra nenhuma. Sabe de uma coisa? Tá na hora de ir à luta, de fato. Se minha mãe me proibir, eu vou escondida. Tô cansada de não fazer nada. Não quero morrer como um peso pra Terra, quero fazer alguma coisa que um dia eu me lembre com orgulho. Machucados físicos passam. Os psicológicos, daí já é outra história.
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