cont. conto

Dois de julho de 2009. Terceiro dia de férias. Eu ouvia as mesmas músicas depressivas das bandas que eu mais gostava. Tinha sido obrigada a trocar de bandas favoritas, mas uma coincidência infeliz me fez olhar na janela (enquanto eu ouvia uma das únicas músicas das minhas bandas realmente favoritas que havia sobrado no meu mp3) e avistá-lo.

Ele. Olhando fixamente pro meu prédio, com aquela camisa velha do Blink e o all star que eu tanto gostava.

Esquecendo todos os meus esforços anti-humilhação, observei-o por alguns minutos, que pareceram horas. Ele não parava. Não parava. E aquilo me incomodava tanto que eu não tinha a capacidade de fechar a janela. Motivo número um, ele. Motivo número dois, a chuva.

Ideologia, eu quero uma pra viver?

Eu passei um real bom tempo, do tipo meses, pensando que um post essencial aqui seria esse que eu estou prestes a fazer. Pensei tanto sobre o que eu estudei em português (literatura).


Nós nascemos inocentes, alienados - sendo, de certa forma, ter certeza de tudo consequência disso. Não temos dúvida alguma de que a nossa mãe é aquela ali, de que comer, dormir e fazer as necessidades são tudo que precisamos. Somos todos praticamente todos iguais nessa altura de nossas vidas. Usamos as roupas que nossas mães põe em nós, ouvimos cantigas de ninar, etc. O cabelo cresce, aprendemos a andar, a ler, tudo no nosso próprio ritmo. Descobrimos a variedade de tudo, escolhemos cores, animais, amigos, filmes favoritos.
Tudo que nos foi ensinado, a visão de certo e errado vai se ampliando até que a linha entre o certo, o errado e o real é invisível aos olhos nus. Temos de aprender, por nós mesmos, em segredo e achando que ninguém mais tem de fazer isso, o que é certo e o que é errado. Isso resulta em diferentes respostas e numa gigantesca divergência de opiniões. Tal divergência varia de acordo com o ambiente que estamos, que nos baseamos: casa, família, histórias que nos contam ou não e como o fazem.
O problema é que nem sempre o que nós nos baseamos é o que pensamos. Resumindo, então o que acreditávamos antes ser tudo certo e verdade, não passam de mentiras.
Isso é muito frequente. Pelo menos comigo. Acreditar numa coisa, basear seus atos nela, ter uma ideologia e ela simplesmente... Se desmanchar, porque os pilares que a seguravam eram ilusórios.
E não importa o jeito que eu tente, toda ideologia que eu começo a acreditar, se desfaz. Por quê? Porque eu vivia num mundo cheio de mentiras. Ainda vivo. Eu acho que sempre, "dessa" vez, eu já descobri tudo e aprendi o que é verdade e... Bom, não. Não aprendi.

cont

De que vale o rótulo de dezesseis anos quando sua mãe te vê com apenas doze, você se vê sempre com dez a mais e o mundo te prende nele por seguintes 364 dias, limitando todas as suas ações?

Eu simplesmente contava os dias para completar dezoito anos e zarpar daquela cidade. Nunca mais ver quaisquer daqueles rostos, inclusive os da minha família. Tinha cansado de relações afetivas, perdido minha fé no amor. Não lutava mais, não tentava chamar atenção, não puxava-o para cantos estratégicos e perguntar o que havia acontecido pra ouvi-lo negar, não mais.

O inverno seguinte estava próximo e eu entrei em pânico. Não sabia o que esperar e o que eu realmente queria era viajar e fugir. Mas os usuais e "surpreendentes" buracos nos bolsos do meu pai me impediam.

17/12/2010

Ok.
eu comecei essa história faz um tempão, crente de que ia conseguir tirar um livro dela, mas sei lá, não rolou. não roubem. acho que poderia ter ficado bem melhor.
se tiver afim de ler... vou postar em partes, pq tá bem grande.

ps: tá bem longe de ser verídica e não tem nome.

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Nós tinhamos o quê, dois ou três meses de diferença. De resto, nada nos separava. Gostávamos do mesmo tipo de música, morávamos um ao lado do outro, tínhamos mães igualmente apreensivas, andávamos sempre com um livro na mão e na outra um baseado. Saíamos de casa depois de chover pra sentir o cheiro de terra molhada e conversar por horas sobre as particularidades da vida.

Quando estávamos juntos, nada mais tinha sentido. Era o meu corpo sobre, ao lado, embaixo, não importava, com o dele. E a beleza, entre nós, era o último critério - apesar de ficarmos avaliando a alheia que se manifestava na rua.

Tudo que encaixava, tudo que tinha sentido, não era amizade, não era amor, não era família, aquilo que tínhamos, se resumiu a nada.

As férias de inverno se passaram e era como se um mês tivesse sido retirado da mente dele. Apesar de todos os meus esforços, esse mês fazia questão de martelar na minha, 24 horas por dia.

E lá estava eu. De novo, monitorando discretamente os movimentos dele. Tentando decifrá-lo. Apesar de lembrar com uma frequência excessiva do que nós dois dizíamos: nem todas as ações têm um sentido, nem tudo quer dizer alguma coisa.

Bom. Eu sabia que o fato de ele dar exclusividade de seus abraços e sorrisos para outra garota significava, com certeza, alguma coisa.

Apesar do meu ciúme doentio, eu certificava-me de que ninguém, ninguém mesmo, além de mim, tivesse conhecimento de julho de 2008. Simplesmente o mês mais memorável da minha vida.

17:15, 17/12/2010

não vamos seguir o padrão, que tal uma rota só você e eu?
eu falo as coisas na cara dura, pras pessoas, esperando que quando eu estiver iludida elas me falem também.

uma página em branco,

mesmo no sentido literal, me anima muito. não sei porque.
as músicas da época de 2008 da katy perry me tranquilizam, não sei porque.
o sereno da noite me dá um ar de liberdade, não sei porque.

sei lá, pra mim tudo me dá uma sensação, cada ano, cada pessoa, algumas músicas, alguns objetos, pensar em algumas épocas... e a minha memória olfativa, puta que pariu, me transporta pra qualquer lugar.

O que será que eu devo dizer?
O ano acabou. O ano acabou, o ano acabou, ele acabou.
De novo, eu mudei, todos mudamos, e isso é um tanto deprimente.
De vez em quando dá vontade de cortar essa evolução tanto física quanto psicológica que nós estamos sendo vítimas. Como será que um fim de ano, uma contagem abstrata e ilusória, pode mudar tudo desse jeito?
Por que ELES fizeram desse jeito? Por que eles jogaram mil estereótipos em cima dos adolescentes e depois gritaram: "SE VIRA!!"? Nos deixaram sozinhos, todas nossas ações sendo justificadas por sermos rebeldes e malcriados por conta da adolescência? ELES não nos levam a sério, nossas ideias do mundo nunca são o suficiente. Estamos aqui, cheios de dúvidas, prontos pra questionar tudo e até a nós mesmos, principalmente a nós mesmos, e eles nos dizem que "é normal" e "com a idade passa"?!?!?!??!!? que tipo de ser humano nos joga de mãos atadas no escuro pra tentar solucionar alguma coisa relacionada à vida? Sem ter base em nada, acabando de sair da maravilha que é ser alienado e inocente pela infância? ELES!! Eles culpam a adolescência e usam como argumento os hormônios. E ELES, QUE NEM HORMÔNIOS MAIS TEM?
eu consigo
fazer tudo. tudo. tudo errado
não sei porque eu não sei administrar o tempo,
minha cabeça, meu sentimento
e agora?

21:51, 03/11/2010

I got birds in my ears and a devil on my shoulder, and I phone to the other and I can't get a hold of her.

acho que sei lá. cansei de postar aqui. daqui a um tempo eu volto a postar.